quinta-feira, 26 de julho de 2012

PSICANÁLISE DO BRASIL


Sou pscinalista a muitos anos, todos os dias recebo em meu consultório os mais diferentes pacientes, alguns na verdade impacientes com tudo, cada um deles com suas angústias, seus medos, suas revoltas. Juntos tentamos encontrar as repostas e os caminhos a seguir para recuperar a auto estima, para encontrar forças e continuar a jornada da vida.

Ontem pela manhã recebi um telefonema, uma voz masculina, com tom embargado, e com certa dificuldade de se expressar. Mas pude comprender que precisava de ajuda, dizia que estava vivendo uma crise de identidade e pediu ajuda para poder continuar a viver, pois, pensava em largar tudo e desistir. Sem demoras agendamos uma consulta, como o caso parecia ser grave abri um espaço no intervalo do almoço.

O sino da igreja badalou doze vezes e meu novo paciente bateu à minha porta. Olhei pelo olho mágico e vi um destinto senhor, com um beleza impar, mas tristonho, abatido, parecia ter cicatrizes na alma, mas sua aurea resplandecia como um por de sol de outuno.

Abri a porta e o convidei a adentrar: - Por favor entre, seja muito bem vindo. Servi-lhe um copo de água e ele se acomodou confortávelmente no divã.

Deixei-o totalmente a vontade, só assim conseguiria expressar tudo o que estava sentindo e vivendo, poderia falar sem medo dos seus medos, sem rodeio de suas angústias e também com alegria das coisas boas que a vida lhe proporciona.

-- Caro senhor, como gostaria que eu o chamasse?

-- Por enquanto chame apenas de amigo, pois neste momento me envergonho de quem realmente eu sou.

-- Tudo bem, como queira amigo. Conte-me o que lhe fez me procurar, senti sua aflição ao telefone.

-- É uma longa história. Tentarei resumir para que entenda o porque estou triste e querendo desistir de tudo.

-- Meu amigo estou aqui para que juntos possamos encontrar uma saída para seus problemas. Vamos lá, fique a vontade e relate o que tanto lhe pertuba.

 -- Tenho uma vida longa, já quase perdi a contagem dos anos. Aos poucos vou me sentindo mais fraco, tinha tudo para ser muito feliz, muita riqueza, alimento, natureza bela e intocável por todos os lados. Cresci vendo muita gente morrendo, indios, negros, jovens e velhos, até as criancinhas perdem suas vidas tão bruscamente que me deixa ainda mais triste. Olhe em meus olhos e veja o que eles te revelam.

-- Como assim? Não vejo nada neles, o que quer me mostrar?

 -- Preste atenção, veja com o coração, não com seus olhos.

 -- Espere estou vendo. As florestas sendo derrubadas, os rios sendo poluidos, as pessoas se mutilando, perdendo-se nas drogas.

 -- Entende agora porque estou tão triste? Meus olhos quase fecham e deixam de refletir, isso dói muito.

 -- Espere, tenha força, deixe-me olhar um pouco mais. Vamos! Força! Ah, vejo belos jardins, praias maravilhosas, povo sorridente e hospitaleiro, que corre, ajuda, vive na labuta, que acredita ser possível reencontrar a felicidade. As flores nos campos florecem e o perfume é sentido na cidade.

-- Consegue ver isso? Não acredito que possa existir todas estas coisas no meu interior.

 -- Claro que vejo. Vejo e sinto, muitas pessoas demostram que te querem bem e por voce tem grande amor. Que estão disposta a te ajudar, pois conhecem tua beleza e teu valor.

-- Não pode ser. Isso é ilusão, estou desistindo, como dizem por ai “Quero sumir do mapa”.

-- Mas não posso deixar, sem ao menos saber quem é você.

-- Me chamo Brasil. Pátria de um povo que se diz guerreiro, mas que me maltrata noite e dia, o tempo inteiro.

-- Ah!! Bem que eu estava te reconhecendo. Não vai desistir de viver, pois muitos são so que te amam e querem ver você vencer.

-- Seria isso possivel?

-- Amado Brasil, tenho certeza absoluta. Que teu povo é bravo e guerreiro e vai te ajudar a vencer esta luta. Levante a cabeça. Olhe para o horizonte. Tem muita gente pra te ajudar. Confie, acredite, vença e seja imensamente feliz.

-- Querido amigo tens razão, somos uma pátria, um povo, uma grande nação. Trabahar, lutar, amar e vencer está é nossa missão. Vamos todos juntos, pois somos fortes, somos verdadeiros irmãos.

 (Texto selecionado para a Antologia Meu Brasil Brasileiro da Editora Litteris)

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